domingo, 13 de fevereiro de 2011

Desenho animado


Pessoal, eu fui torturado esta manha por uma garotinha de sete anos! Minha prima! E ela se utilizou de muita violência. Nada de choques elétricos ou colocar a cabeça da pessoa em água gelada, estes dois são leves demais para ela. Não, minha prima escolheu o mais terrível dos castigos. Como quem não quer nada, ela me obrigou a assistir... BOB ESPONJA! O meu instinto dizia para eu pular pela janela, afinal saltar de três andares parece ser algo muito menos danoso ao seu corpo que meia hora de Bob esponja.
            Eu tento visualizar a conversa entre o criador deste troço e o produtor executivo do canal.
            - Sabe o que está faltando na televisão? Contar a história de uma esponja! Uma esponja que usa calça quadrada!
            - Mais que excelente idéia! E que tal se colocarmos ainda uns personagens como um siri, uma lula...
            - Aí ficaria perfeito senhor. Simplesmente perfeito.
            É triste, mas só posso pensar que estes criadores de desenhos estavam sobre o efeito de fortes alucinógenos para colocar uma bobagem dessas para crianças assistirem. Infelizmente, as drogas não chegaram somente a estas pessoas. No canal de tv fechada Catoon Network, canal que por ser pago deveria fornecer os melhores programas, tem um desenho chamado Meu amigo da escola é um macaco. E nem me deixem começar a falar sobre os Teletubbies! Eles diziam: “Tchau Tinky Winky”   ao que eu respondia: “Morre Dipsy” e terminava arremessando um sapato na televisão.
            Criadores de desenhos animados acham que crianças são adultos sobre o efeito do crack. Elas consideram que os cérebros de todos os pequeninos já nasceram danificados e eles só ficaram entretidos com bobagens como Bob esponja.
Muitos pais se preocupam com a violência nos desenhos. Tudo bem. Mas que tal se preocupar também em fazer o filho não assistir algo que certamente destruirá os poucos neurônios que o ser humano tem? Depois o filho cresce, passa agir feito um idiota com calças laranjas, camisas amarelas, ouvindo restart e os pais não sabem o que fizeram de errado. Como se já não bastasse a internet(que é o penico do mundo) para estragar os cérebros dos pequenos.
Vamos parar de subestimar as crianças. Embora os adultos ainda gostem de vê – los como anjinhos, eles não são mais tão inocentes, tão bobinhos. Escrevam um bom desenho animado e o cérebro deles ira acompanhar.
Até lá, se você quiser ficar no ladinho de seu filho, passar a tarde com ele e seus programas infantis, saiba que está entrando num mundo de dor cerebral inimaginável. Dane – se jogos mortais 7. O verdadeiro terror esta na tela pequena. É só assistir meninas superpoderosas, meninas superpoderosas geração Z, ben 10 e o nosso campeão Bob esponja. Tenham uma boa sessão de tortura!


sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vizinhos

  O excelente e altamente conceituado escritor Fiodor Dostoievski fez a seguinte pergunta no livro Os Irmãos Karamarov: “Quem nunca pensou em matar o pai” Então, acho que não estou sendo cruel quando questiono: “Quem nunca pensou em matar o vizinho”.
            Obviamente nem ele nem eu estávamos falando sério. Não há necessidade de chamarem a polícia avisando sobre um lunático no dihitt que planeja a morte do vizinho. Porém, que figura irritante é este ser ao nosso lado. Vizinhos são uma espécie de loteria do mal. Você resolve se mudar, afinal, com trinta e cinco anos na cara não pode continuar vivendo com a mamãe. E você pode dar sorte e ir parar ao lado da Juliana Paes. Mas o mais provável é que encontre alguém como o Galvão Bueno. Um chato que não consegue calar a boca.
Existem malas no mundo, disso não a dúvidas. Não são pessoas maldosas nem cruéis. Apenas irritantes. E um dia teremos de conviver com elas. Pessoas como a minha vizinha que me acordou as seis da manha porque eu não cortei a MINHA grama nos devidos cinco centímetros e meio de altura, como o resto do bairro. As três da madrugada coloca o cd “Às vinte e cinco melhores do axé” no volume máximo. E me entrega frases que são verdadeiras pérolas como: “Sabe, eu acho o Roberto Justos um excelente cantor”.
Um dia meu padrasto compra um carro para mim. Eu juro pelo Deus que eu não acredito, a mulher com o dedo apontado no meu rosto, mandou que eu comprasse um carro de uma cor diferente. Porque meu carro vermelho não combina com a cor da maioria das casas que são verdes! Claro que não o fiz. Mandei ela para aquele lugar que sempre mandamos nossos queridos amigos do telemarketing. Não preciso dar mais esclarecimentos sobre o lugar, não é?
Não posso ser o único a ter uma vizinha tão chato. Vocês devem ter uma também. Alguém que resolveu aprender a tocar bateria bem na hora em que chega em casa ou que briga o tempo todo com o marido e como as paredes são finas você ouve tudo ou que resolve utilizar a furadeira bem na parede que liga os dois.
Infelizmente eu só escrevo sobre o assunto para desabafar. Não tenho soluções para este tipo de problema. Mudar de casa não adianta. Encontrará outros tão inoportunos quanto. Chatos existem aos montes. Mata – la significaria ter de gastar dinheiro com advogados. Não vale a pena. Não tem solução. Vizinhos, assim como o Galvão Bueno, continuarão a nos incomodar!

Negativo

Existe algo mais triste que ficar com a conta do banco em negativo? Dezessete reais negativos, no meu caso. Quer dizer, a Luana Piovani poderia aparecer em minha casa e dizer: “Bruno, vou ficar com você aqui e agora, de graça”. E eu teria de responder: “De graça? Não vai dar, não posso arcar com os custos”. Sabe o que é estar negativo? Quer dizer que eu tenho de roubar dinheiro, para estar financeiramente quebrado. Essa é a situação que eu me encontro.
            A atendente do banco também não colabora muito para este momento de descoberta que você está com conta negativa. Olhares tristes e voz melancólica... Se ela tivesse me dito, com aquela mesma voz taciturna, que eu ganhei um milhão de reais, eu ainda assim ficaria deprimido tamanha a infelicidade no tom dela. Tá, isso não é verdade. Dane – se a voz dela, um milhão de reais é um milhão de reais. Eu sairia dali pulando, jogando notas de cem para cima e ainda daria uma de cinqüenta para a atendente, para ver se ela se anima um pouco.
            Sabe o que foi mais triste? Saindo do banco, um mendigo, fedorento e com um casaco feminino e tão velho que provavelmente um dia aqueceu Hebe Camargo, me pede dinheiro: “Me ajuda senhor, eu não tenho nada”. E você se da conta de que aquele mendigo esta em melhor situação do que você: “Você não tem nada? Pois agradeça a Deus. Eu tenho menos do que isso. Quem me dera fosse tão rico quanto você, mendigo. Alías, você é quem deve me dar dinheiro. Vamos, ou o dinheiro ou o casaco da Hebe”. Enfim, quando você briga com o mendigo pelo casaco DELE...
            Eu ligo a tv, aproveitando os últimos segundos, pois logo sei que cortarão a luz. Logo cortarão a água. Logo, Osama Bin Laden em sua caverna estará em posição mais confortável do que a minha. Televisão ligada, aparece Bill Gates. O canalha! Como é que alguém com tanto dinheiro, consegue ter tanto controle? Eu sairia torrando toda a minha grana nos maiores absurdos imaginários. Tipo, criar uma loja de unicórnios invisíveis. Você deveria pagar dois mil reais de ingresso, caso quisesse ver o animal invisível. Obviamente ninguém veria. Talvez um bilionário excêntrico, estilo Mr Burnes dos simpsons, mas somente ele. E as pessoas comentariam: “Como é que a Unicorns productions ainda está funcionando”? E a resposta seria: Eu. Da mesma forma que o 42 é a grande resposta para os livros de Douglas Adams, eu seria a grande resposta para esta pergunta que cercaria o universo. O bilionário que gasta dinheiro em bobagem. Compraria todas as calças jeans do mundo e as queimaria logo em seguida, simplesmente porque eu tenho este poder. Pode começar a fabricar jeans desde o início, porque todas elas se foram. Compraria o Flamengo e obrigaria os jogadores a usarem vestidos. E viveria na minha piscina, bebendo cosmopolitan. Como é que o Bill Gates não faz uma bobagem dessas a cada dia? Não, ele guarda dinheiro. E hoje ele está milionário. Canalha!
            Será que entrar no céu é de graça? Porque se for, estou acabado! Não posso arcar com os custos de ir para o céu!
            Tudo o que eu posso fazer agora é olhar para minhas fotos antigas. Eu de meias furadas, cabelo não lavado é magro feito uma modelo do Sp Fashion Week porque eu não tinha dinheiro nenhum para a comida. Época em que eu tinha exatamente 0 em dinheiro. Bons tempos aqueles!
           




A vida do ateu

A vida do ateu

A vida é complicada para nós ateus. Por acaso, temos nosso próprio feriado? Já puderam alguma vez na escola, faltar à aula por ser dia do orgulho ateu? Um dia no qual não faríamos absolutamente nada da vida, para celebrar o nada em que o ateu acredita. Não, nós não temos feriados. Até o kwanzaa tem. Você sabe o que kwanzaa significa? Eu também não faço a menor idéia. Mas eles têm feriado.
            Existe a possibilidade de alguma pessoa, ao avistar um negro, mudar de calçada com medo de ser assaltada. Se contar a um amigo que é gay, corre o risco dele terminar a amizade naquele exato momento. Provavelmente com medo de levar uma cantada de você. Agora, se contar a uma pessoa que você é ateu... Aí, nem Deus te salva.
            Deixe – me contar uma história. Não é daquelas que aconteceram com um amigo de um amigo meu. Essa ocorreu comigo mesmo. Assim como o Papai Noel e Deus, eu achava que seis horas da manhã era um horário que não existia. Tratava-se apenas de uma lenda criada pelo meu chefe, com o propósito de me acordar cedo e me irritar. Recusei todos os trabalhos que me pediam para acordar nesse horário. “Ele está debochando de mim”, eu pensava. Porém, esse horário realmente existe. Eu sei, fui acordado por duas velhinhas extremamente religiosas. As seis da manhã. Queriam me falar sobre Deus. Como se eu nunca tivesse ouvido falar no sujeito. Disse rispidamente: “Não, obrigado”. Elas perguntaram por quê, se eu era de uma outra religião... E eu, ingenuamente, conto a verdade: “Sou ateu”. Não deu outra. A primeira velhinha passa a mão pelo portão de minha casa e agarra minha camiseta num movimento extremamente veloz, à lá Jackie Chan. Com a outra mão, ela bate furiosamente em minha cabeça com a bíblia. Nem Jack Bauer seria tão cruel e hábil em suas sessões de tortura. A outra velhinha começa a orar, pedindo que Deus perdoe esta criatura pecadora, no caso eu, o agredido. Só pararam quando minha mãe chegou e começou a brigar com elas, numa espécie de Ultimate Fighting, versão para idosos. Agora, vamos esquecer o fato de eu ser tão fraquinho fisicamente que apanhei para duas velhinhas e tive de ser defendido pela mamãe. Vamos ao que interessa. Por que diabos eu apanhei?
            Embora ateu, eu sempre procuro respeitar a religião dos outros. Tenho amigos cristãos. Fazemos piadas um com o outro normalmente. Eu sempre pergunto a ele: “Por que Deus, enquanto dava aquele discurso da maçã proibida, não deu um pequeno aviso a Eva, sobre uma certa cobra mentirosa que andava pelas redondezas?” Ao passo que ele, quando vou comemorar o natal em sua casa, demora a me oferecer comida. “Se eu não acredito em nada, não irei comer nada” São comentários inofensivos, de pessoas que não levam suas crenças tão a sério. Não a ponto de agredir alguém. Eu nunca fui à igreja gritar para todos: “Deus não existe. Isso é apenas uma história bonitinha contada aos judeus, para distraí – los do fato de que eles estavam andando por quarenta anos no deserto, numa época que não existia ar condicionado”. Nunca fui à igreja desenhar um bigodinho no quadro de Jesus. A igreja é o espaço deles. Eu respeito. Eles vêm na minha casa me bater com uma bíblia.
            Isso não é caso isolado. A igreja tem a tendência de se meter em assuntos que nada tem a ver com ela. Eles são como sua mãe em seu estado mais mandão. “Foda – se você gostar de doces. Vai comer a salada e ponto final.” Sem discussão, sem argumentos. Para os religiosos fanáticos, só existe a sua própria crença e o resto que se curve a ela.
            Pode até ser que Deus, assim como o horário das seis da manhã, exista. Posso estar enganado. Posso um dia chegar ao céu e me encontrar com o todo-poderoso carregando um olhar irônico como quem diz: “Então, você é o cara que não acreditava em mim, não é?” Todavia, até lá, gostaria de ter minha opinião respeitada. Não vai acontecer. Vou sofrer como um ateu. Que seja. Manterei minhas opiniões, independente da quantidade de velhinhas lutadoras de kung – fu que me apareçam.